Critica: Malu
“Malu“, longa dirigido e escrito por Pedro Freire, conta a narrativa de Malu, uma atriz desempregada no auge dos seus 50 anos que vive em uma casa precária dentro de uma periferia no Rio de Janeiro. A atriz é obrigada a conviver com a sua mãe racista e tentar viver sob a relação tensa e desagradável que mantém com sua própria filha.
Malu enfrenta com essa luta constante de más energias e relações enquanto tenta sobreviver a grande concentração de memórias de um passado artístico glamoroso que a persegue. Quem lê acima pensa que é um filme simples como qualquer outro, mas o que Malu fez para poder conquistar os prêmios que conquistou está nitidamente refletido na tela. Com atuações monstruosas, destacando a de Yara de Novaes como a personagem título, interpretando uma mulher que conta e deslumbra do seu passado como atriz e o quanto isso atualmente tenha lhe frustrado com as gerações mais jovens.
O fato de lidar com lutas políticas, que em sua época era simplesmente a ditadura, ao mesmo tempo que faz planos para o futuro que obviamente não irão se realizar pela dificuldade seja financeira ou familiar, Malu convive dentro da sua casa com sua mãe Lili, uma idosa que a primeira impressão parece ser uma pessoa bondosa. Mas ao decorrer do filme, ela se mostra uma pessoa, racista e intolerante. Há também seu amigo Tibira um rapaz que busca sua ‘’poesia’’ dentro desse mundo artístico, mas que tem a convivência balançada por conta de Lili.
Assim temos a chegada de Joana que é a filha de Malu e volta ao brasil depois de um tempo na Europa para tentar reconviver com sua família e os traumas que todos em cena carregam. A história consegue te prender do começo ao fim com uma trama psicologicamente intensa e ardilosa em seu texto e corporalmente falando com seus atores.
Tecnicamente falando, Pedro Freire faz uma obra grandiosa com “pouco recurso” e muita criatividade, com destaques para direções de arte, a sua fotografia. Principalmente na parte do som que pasmem, não tem uma trilha sonora corrente ao longo do projeto apenas usando o áudio ambiente cru, fazendo a tensão do começo ao fim do filme ser uma grande experiência.