Crítica: Stella – Vítima e Culpada
“Stella – Vítima e Culpada“, dirigido por Kilian Riedhof, traz à tela a complexa e dolorosa história real de Stella Goldschlag, uma jovem judia que, durante a Segunda Guerra Mundial, é capturada pela Gestapo e forçada a colaborar denunciando outros judeus para salvar a própria família. A atuação de Paula Beer é o grande destaque do filme, pois ela entrega uma personagem multifacetada que personifica o título. Afinal começa como vítima, torna-se culpada e, ao final, encarna a ambiguidade moral da sobrevivência em tempos extremos.
O filme, contudo, sofre com um ritmo apressado que faz a narrativa pular rapidamente sobre os eventos da guerra e a trajetória de Stella. Isso acaba tornando algumas passagens confusas caso o espectador se distraia. Essa pressa pode tirar parte da profundidade da história e dificultar a conexão emocional em certos momentos.
Por se tratar de uma obra baseada em fatos reais, algumas cenas parecem complementadas por ficção para preencher lacunas e dar ritmo ao filme. Isso pode incomodar quem busca uma representação mais histórica. Ainda assim, a ambientação é impecável: a fotografia e o design de produção recriam com maestria o clima opressivo da Berlim nazista, enquanto a trilha sonora reforça a tensão e o conflito interno da protagonista.
“Stella – Vítima e Culpada” se destaca por não simplificar a complexidade moral da personagem, evitando transformá-la em heroína ou vilã. O filme convida o público a refletir sobre o que significa ser culpado ou vítima em contextos de extrema violência e pressão.
Apesar de suas falhas, o longa é um retrato humano e contundente da sobrevivência e das difíceis escolhas feitas em tempos de guerra, deixando uma forte impressão que permanece após o término.
Texto original por Filipe Machado, adaptação por Frednunes