Crítica: A Mais Preciosa das Cargas
“A Mais Preciosa das Cargas” é um filme de animação da Paris Filmes, francesa dirigida por Michel Hazanavicius. A obra apresenta um conto — não necessariamente uma fábula — sobre um casal pobre que, em meio à guerra, enfrenta uma luta constante contra o frio, a fome e a miséria.
Essa rotina muda quando, certo dia, a esposa do lenhador ouve um choro vindo da floresta e encontra uma criança próxima aos trilhos por onde o trem havia passado. Considerando aquilo um milagre, ela leva a criança para casa, sem imaginar que essa decisão transformaria radicalmente a vida do casal.
O peso da guerra e a mentalidade das pessoas daquela época trazem, tanto para os personagens quanto para o espectador, uma constante sensação de perigo. A presença da criança desperta desconfiança, especialmente por ela ter vindo de um trem “daquele povo”, sendo automaticamente considerada um “monstro”. Pouco importa que seja apenas uma criança inocente, ainda “pura”, alheia às atrocidades da guerra.
No entanto, com o tempo, o amor começa a transformar a visão do lenhador sobre a criança e o mundo ao seu redor. Paralelamente, o filme apresenta a história da criança — seu passado e presente — revelando que ela foi deixada ali de propósito, como uma tentativa desesperada de salvá-la do destino cruel que o trem carregava.
A animação combina técnicas de 2D com captura de movimento, criando uma imersão visual marcante. A trilha sonora e a fotografia, com tons dramáticos e contrastes entre a escuridão da guerra e a luz da lua ou do fogo, reforçam a atmosfera do filme. É uma animação visualmente impactante, carregada de mensagens poderosas, que nos convida a refletir sobre o quão devastador foi o período da Segunda Guerra Mundial.
Texto original por Filipe Machado, adaptação por Frednunes