“A Médium” é um terror da Paris Filmes que mostra, ao simular um documentário, um pouco da linha ténue entre a fé e a possessão espiritual.

Uma equipe de documentaristas está fazendo a cobertura sobre a vida de uma médium local. Ao aprender mais sobre a entidade e as características de sucessão, se deparam com um drama familiar. Quanto mais abordam o assunto, pior a situação fica e agora passam a cobrir um caso real de possessão.

A simulação de documentário é incrivelmente bem feita. Tanto que o espectador realmente assiste um documentário nos primeiros momentos do filme e, mais tarde, ele se mescla com a trama de terror. Até por isso, é interessante ver como o filme usa esse talento para introduzir a religião dos personagens. A entidade da médium e suas regras, o estilo e os rituais de outros médiuns do país e, claro, a fé católica/cristã de outras delas. E, com isso, o filme se mostra um dos melhores do gênero.

O desenrolar da parte “terror” também é bem feita. Bem feita ao ponto de que, em algumas cenas, você fica com um pensamento de que “não seja real”. Claro que temos alguns exageros, burrices por parte dos personagens, mas qual filme de terror não depende disso, né? Contudo, essa mescla de fé e rituais, junto a possessão, e mostrando que ambos são, de certa forma, uma mesma forma, mas opostas, é bastante enriquecedora. Sem falar que, em culturas asiáticas, temos também a espiritualidade vindo de todos os seres, não só humanos.

“A Médium” é tosco em alguns pontos, engraçado em outros. Mas a construção da história e a forma com que foi gravado deixa nossa descrença de lado, e acreditamos mesmo que aquilo pode acontecer.