Crítica: Adolescência
“Adolescência” é uma minissérie da Netflix que vem se destacando pela ousadia, qualidade da equipe e, claro, polêmicas.
Um adolescente é acusado de matar, de forma cruel, uma amiga da escola. Durante a apreensão, sua família o defende e acredita, até verem um vídeo, em sua inocência. A polícia, por sua vez, investiga buscando a razão de algo assim ter acontecido. Mais tarde, também temos a análise durante a conversa com a psicóloga, também buscando entender como tudo chegou nesse ponto. Por fim, voltamos para a família que, com tudo isso, se questiona onde erraram ou se conheciam mesmo seu filho.
A minissérie de quatro episódios, aborda em ordem os aspectos que mencionei. Mas, diferente da expectativa, não há uma investigação, ou melhor, não acompanhamos ela. O fato é, o rapaz matou a jovem. E, cada episódio, da luz a uma perspectiva com base em alguns dos ambientes e personagens envolvidos. Não é sobre o “como”, ou sobre buscar a verdade e o culpado, é sobre o “todo”.
Não será mais possível falar sobre planos sequência sem ter essa produção como referência. Afinal, ela é toda nessa técnica, sem cortes, direta e com até drones voando por uma cidade. Sendo assim, ver o making off é uma experiência válida. Contudo, infelizmente, a minissérie agora se vê em meio a uma discursão incentivada por quem não deve ter entendido nem o raso da proposta. Para ele, o fato do jovem ser um ator branco, é uma produção sobre como o jovem branco é colocado como culpado, após se motivar por um discurso red pill na internet.
“Adolescência” é a realidade da vida em plano sequencia. Afinal, por mais presente que estamos, sempre nos falta perspectiva por não “assistir” o mundo na pele dos outros enquanto vivemos a nossa vida.