Crítica: Infidelidade
“Infidelidade” é um drama disponível na Netflix que foi bem comentado em seu lançamento e ainda hoje se mostra válido.
O filme tem uma história um pouco batida. Um caso de traição em uma família norte-americana, aparentemente normal. Um marido, fiel e mantedor, uma esposa, preocupada com as funções domésticas, e um pequeno filho. Logo no início, sabe-se que a esposa será a traidora da relação, será a infiel.
Contudo, entra algo interessante: a mulher, inicialmente pura, demonstra toda a potencialidade humana, com sua carga instintiva/sexual, ao trair o marido com um jovem de origem francesa. Mostra toda a força sexual e apaixonada, que não guarda limites, não leva em conta a relação estável, nem mesmo o filho. Faz sexo com o amante de maneira louca e apaixonada.
O marido, por sua vez, inicialmente normal, bem sucedido e condescendente com a traição, põe à mostra seus instintos agressivos, ao visitar o amante e assassiná-lo. Mostra frieza ao “limpar” a cena do crime e ao desfazer-se do corpo do amante em um lixão. Assim, de maneira superficial, temos uma mudança entre os papéis sociais de ambos os cônjuges: o normal mostra-se um assassino, e a casta mostra-se uma mulher com um desejo, próprio dos humanos, incontrolável. O sentimento pelo amante que perpetua-se até o fim do filme, o sentimento de culpa do marido, a forma como esse acaba por castigar imensamente a esposa, com o assassinato do amante, e a justificativa implícita de que os males causados a todos eram de responsabilidade dela.
“Infidelidade” inicialmente pareceu-me razoável, acabou se transformando, em um segundo momento, diferente e mais crítico, em um bom filme. Serve como uma relembrança daquilo de que realmente somos feitos e daquilo de que somos capazes.