Crítica: Nada de Novo no Front
“Nada de Novo no Front” preenche a cota de “filme de guerra” do Óscar 2023, mas será que a produção da Netflix é tudo isso mesmo?
Paul é um adolescente quando seus amigos, apesar da recusa dos pais, o convencem a ir para a guerra. Em meio ao conflito, é recorrente vermos o quão “nobre” é para alguém ir para batalha. Contudo, desde o início vemos que essa nobreza é, na verdade, seletiva. Afinal, quando chega na linha de frente, ele logo perde amigos e percebe que não há nada de nobre, apenas sofrimento. Enquanto ele esta lá, aqueles que provocaram e incitam o conflito ainda vivem com pouca coisa mudada em sua rotina.
Os primeiros momentos do filme já mostram esse tom. Vemos um soldado lutando, matando e morrendo. Seu corpo é enterrado por ali mesmo e apenas a placa de identificação é levada para família. Seu uniforme é recolhido, lavado, costurado e entregue a Paul. Mas entregue ainda com sua identificação que é, apenas, puxada. Afinal, tem um novo dono que seguirá o destino do anterior.
É comum ter um filme de guerra no Óscar. O destaque dessa vez é que diferente da maioria, aqui não temos um ato de heroísmo, uma jornada de solução brava ou a tentativa de mostrar “o lado bom”. Seja ele nos pequenos momentos felizes ou nos laços que surgem. Não se enganem, alguns elementos ainda são presentes. Mas dessa vez é a luta pela sobrevivência, a comida escassa e uma constante presença de lama e, bom, outras coisas.
“Nada de Novo no Front” é inovador ao mesmo tempo que tradicional. Ironicamente, a inovação vem da realidade da guerra, mostrando soldados como vítimas e a morte como a amiga mais presente.