Crítica: Segredos de Guerra
“Segredos de Guerra” retrata o amor entre dois soldados soviéticos e acaba se tornando mais relevante tendo em vista o contexto atual.
Serebrennikov é um soldado soviético, mas desde o início vemos que ele quer algo mais. Luísa é sua melhor amiga e para todos no quartel, ambos se gostam, mas não dão o passo importante de se declararem. Luísa estuda para ser médica e Serebrennikov tem uma direção mais para as artes. Um dia, Roman chega na base para ser um dos pilotos. Como Serebrennikov é delegado para ser seu guia, para usar uma palavra “menos feia” que subalterno, a relação entre os três vai tomar outras proporções.
O ambiente militar é, até hoje, hostil. Não apenas para pessoas LGBTQIAP+, mas para pessoas num geral que conseguem ter uma gota de senso crítico ou capacidade cognitiva. Sendo assim, e tendo em vista que é o exército soviético, a tensão crescente no meio da guerra fria faz com que o triângulo amoroso seja desenvolvido de forma não natural. Afinal, Roman se aproxima de Serebrennikov e aos poucos, para manter sua imagem, também se relaciona com Luísa.
Podemos dividir o filme em dois momentos. O primeiro é essa fase da descoberta, dentro do quartel. Depois, quando Serebrennikov segue sua vida fora do universo militar, vemos Ramon indo e vindo. Num momento temos o casamento entre Ramon e Luísa, depois temos a aproximação maior quando os dois passam a morar juntos, mas claro, em segredo. Se não fosse as decisões dos personagens e os aspectos que referem o período, o filme seria bem fraco frente a tantos outros que retratam o tema. Aqui, o destaque é a realidade.
“Segredos de Guerra” mostra uma tomada de decisões que ainda acontece, em menor escala. Felicidade, aparências, carreiras ou si mesmo. O que devemos escolher?