Crítica: O crime é meu
“O crime é meu” é uma produção de François Ozon que utiliza da metalinguagem e comédia para suavizar um tema sensível e delicado. O filme se passa na França, na década de 1930 e retrata a vida da atriz Madeleine Verdier, e seu suposto crime.
O filme se baseia em uma peça teatral de mesmo nome, o diretor coloca em telas a ascensão de uma atriz após seu julgamento. Inicialmente, sua situação financeira, assim como a de sua amiga e advogada Pauline, é precária, devido à falta de trabalhos e clientes. No entanto, uma “proposta” surge de um famoso produtor teatral, que a leva para sua casa para discutir. A partir disso, tendo um mínimo conhecimento prévio acerca do filme, pode-se imaginar que as reais intenções do produtor eram outras. Em seguida, o país inteiro toma conhecimento da morte do produtor, e o anseio pela condenação do responsável toma conta das ruas.
Então, Medeleine se torna alvo das investigações por, teoricamente, ser a última a tê-lo visto com vida. Por se tratar de uma mulher, a sociedade tem convicção de sua culpa, e justifica sua boa defesa no tribunal pela sua capacidade de “atuar”, o que a leva para papéis mais importantes futuramente. Neste ponto, o filme é inteligente ao conciliar o crime e seus alívios cômicos com boa “fluidez”, sendo o delegado da investigação e seu auxiliar, os principais responsáveis por isso. Além disso, é importante ressaltar o bom trabalho ao apresentar uma nova problemática no momento adequado, mantendo a curiosidade acerca do verdadeiro responsável pelo crime.
Logo, é notório a habilidade do longa em trazer uma temática delicada de forma autêntica e inteligente. “O crime é meu” é um filme interessante com temáticas sociais e uma abordagem crítica à um preconceito ainda muito presente no mundo, infelizmente.