Crítica: Monster
“Monster” é um ótimo filme que passa a ser obrigatório para quem quer ensinar um pouco sobre o poder das narrativas.
Saori é mãe solo após a morte do marido em uma sociedade que, para além da nossa, ainda julga. Após seu filho, Minato, passar a ter atitudes suspeitas em casa, ela procura a escola. Lá, ela se depara com um cenário assustador sobre a relação do professor Hori com seus alunos. Hori, por sua vez, começou recentemente no emprego e vive um relacionamento que é visto de forma conturbada pelos demais e isso o faz ter uma péssima fama, já de início. Tentando dar seu melhor em sala, ele percebe os colegas fazendo bullying com o pequeno Yori. Um deles é Minato, aquele que ele entende ser o maior dentre todos os “valentões”.
É quando, aos poucos, as histórias se convergem, que percebemos como cada um vive sua história e ela é percebida pelos demais. Por mais verdadeira que a percepção pode parecer, há buracos e lacunas que os preconceitos da sociedade, principalmente japonesa, os fazem pensar o pior.
O comportamento do professor não é defendido por conta de seu relacionamento e para o bem da reputação da escola. Mas é pelo mesmo motivo que a diretora esconde seu segredo. Por vergonha, e medo de ser julgado, Minato tenta não deixar transparecer seu envolvimento com Yori. E, sua mãe, por acreditar no filho, logo busca explicações sem, necessariamente, ouvi-lo e ouvir os demais.
“Monster” traz os monstros que podemos ser? São os monstros que somos? Os monstros que nos tornamos? Ou um pouco de cada um deles? Dessa forma, com cada história, refletimos sobre algo. Afinal, de certa forma, todos somos os heróis das nossas vidas e os vilões da vida de alguém.