Crítica: Aquela Sensação de que o Tempo de Fazer Algo Passou
“Aquela Sensação de que o Tempo de Fazer Algo Passou” nos mostra frustração e submissão: dois fatores que definem a rotina da protagonista.
Ann é uma mulher presa em um mar de marasmo. Trabalhando em um emprego estressante e tendo que aturar uma família extremamente crítica, a protagonista aguenta essa situação de vida sem muito protesto. Além disso, Ann tem frequentes relacionamentos casuais com homens que possuem o fetiche de submeter suas parceiras a eles, sempre chamando-os de “mestre”. Assim, a personagem deve se desvincular de toda essa situação, para não acabar infeliz e isolada.
Se o objetivo dos produtores era refletir todo o tédio sentido por Ann ao público, funcionou. A obra se encaixa em um daqueles filmes que representam cruamente a sociedade contemporânea, em que as pessoas abandonam ou adiam seus sonhos e vontades a fim de satisfazer a necessidade dos outros. E, com a finalidade dessa representação, o filme cansa. O único fator que prende o espectador são as situações que Ann passa em seus
relacionamentos, chocando ou incomodando por apresentar casos de extrema submissão.
O silêncio é um fator importante na obra, e a trilha sonora é quase inexistente, representando a melancolia que Ann sente todos os dias. Joana Arrow, diretora e atriz principal do filme, representa muito bem o cansaço da protagonista com sua atuação, e faz um bom trabalho de direção no que se diz sobre passar prostração ao público, sensação essa muito presente em todo o longa-metragem.
“Aquela Sensação de que o Tempo de Fazer Algo Passou” decepciona por não entreter, perdendo o papel primordial de um filme. É uma obra pesada e entediante, mas que obviamente possui seus pontos positivos, como sua mensagem para o público, refletida no título.
Texto por Pedro Altaf