“Armageddon Time” é um filme, quase biográfico, da Universal que mostra um pouco da vida de crianças fora dos padrões ideais da década de 80.

Paul é o filho mais novo do casal Graff. Estudante de uma escola pública, ele claramente é mais ligado ao mundo das artes do que conhecimentos “adequados”. Johnny é o único negro na sala, talvez de toda a escola, e é facilmente culpado por qualquer coisa que o professor julgue inadequado. Esse aspecto une os dois garotos, mas a amizade deles vai caminhar para experiências que marcarão suas vidas. Porém, diferente de Johnny, Paul ainda tem sua família e principalmente seu avô, que sempre o apoia e tenta ensinar a ser uma pessoa melhor, mesmo que os outros não sejam.

É interessante ver que o retrato do filme, por mais que esteja na década de 80, ainda reflete bastante dos dias atuais. Não apenas o presente, mas também o passado. Johnny vive a maior parte do que um rapaz preto pode viver. É deixado a própria sorte, não ligam para ele a não ser que esteja fazendo algo oposto ao exigido, sempre o culpado e aquele que “leva para o mal caminho”. O racismo que ele vive, presenciado por Paul, é posto como contraponto ao seu avô, que sofreu no regime nazista por ser judeu. O tempo mudou, o alvo também, mas a violência se mantém.

Já Paul sofre por ser o diferente. É considerado “lerdo” na escola, vive em seu próprio mundo e já questiona as atitudes dos outros. A questão aqui é, ele quer ser artista. Desenha muito bem, é bastante criativo, mas em um mundo capitalista, esses talentos não tem lugar.

“Armageddon Time” mostra as diferentes formas de educação, do lar e da escola, com seus lados positivos e negativos.